sexta-feira, 23 de abril de 2010

6 meses de Canadá!

Hoje faz exatamente 6 meses desde o nosso landing.

Felizmente temos muito o que comemorar: fizemos novos amigos, aprendemos muitas coisas novas, o inglês da Fabiana melhora a cada dia, e eu consegui um excelente emprego; as perspectivas são maravilhosas.

Estou prestes a começar a trabalhar e já conseguimos um novo apartamento em Burlington, nossa nova casa. Pra completar, compramos hoje nosso primeiro carro aqui.

Há um mês atrás estava começando a me preocupar com a demora para as coisas "acontecerem" para nós. Hoje vemos que tudo está a seu tempo, do jeito que tem de ser. Basta ter perseverança e fé. E aproveitar cada momento!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Vamos pra Burlington!

Começo a trabalhar no dia 5 de Maio, em Grimsby, a cerca de 80 km de Toronto. Como não seria nada agradável dirigir essa distância diariamente durante rush hours, decidimos nos mudar para mais perto da empresa.

Desde que recebi a job offer, temos gasto bastante tempo em encontrar uma nova morada - pesquisar e decidir por uma das cidades da região, e encontrar um apartamento bacana.

Um das preocupações com a escolha do novo lar é o acesso a aulas de inglês para a Fabiana, já que a oferta de LINC/ESL não é tão farta fora das grandes cidades. Em Grimsby, por exemplo, não tem escola de inglês pra ela.

Outra preocupação é com relação a transporte público, que certamente nem se compara ao de Toronto, por mais críticas que haja ao TTC. Descobrimos algo muito interessante: tanto em Hamilton quanto em Burlington, caso você more em um local distante das linhas de ônibus, você pode tomar um taxi para te levar até o ponto mais próximo, ao custo de $0,50 (subsidiado pelo município). Nunca imaginei que pudesse haver algo assim...

Depois de visitar as cidades da região, acabamos optando por morar em Burlington. É uma cidade encantadora, a 62 Km de Toronto, com uma população de 170 mil habitantes. De GO Train chega-se à Union Station em downtown Toronto em menos de uma hora, e de carro chegarei à empresa em 20 minutos.

Burlington e Oakville são conhecidas como cidades de alto custo de imóveis, e isso é uma verdade para quem vai comprar uma casa. Para aluguel de apartamentos, entretanto, tivemos uma agradável surpresa. Vamos pagar por um apartamento grande, de dois quartos, e a duas quadras do lago, o mesmo que pagamos aqui em Toronto por um apartamento de um quarto. É verdade que aqui temos a conveniência do acesso indoor ao metrô e shopping mall, mas ainda assim o custo de aluguel lá nos parece bem atraente.

A cidade em si é muito bacana, com ares de interior mas infra-estrutura bem razoável. Como o custo de imóveis é mais caro, naturalmente o nível de renda da população é mais alto, e muitas casas à beira do lago são um espetáculo à parte.

Vejamos, então, como é viver em Burlington!

sábado, 10 de abril de 2010

Job Offer!

Depois de pouco mais de 5 meses no Canadá, estou empregado!

Recebi hoje a job offer para um emprego excelente, depois de um processo seletivo um tanto extenso. Depois da primeira entrevista com a recrutadora, tive uma entrevista com o presidente da empresa, alguns e-mails trocados em follow-up, uma segunda entrevista (agora com outros gerentes com quem vou trabalhar), ainda uma essay sobre minhas forças e fraquezas para a posição, e por fim um almoço com o presidente da empresa. Ufa!

Estou muito feliz e entusiasmado com essa oportunidade!

Ao contrário do que poderia esperar como a maioria dos imigrantes, esse não é um "primeiro emprego" no Canadá, um entry-level para quebrar a barreira da falta da famosa Canadian experience. Me sinto privilegiado por ter, logo de cara, um emprego que faça pleno uso das minhas capacidades e seja realmente desafiador!

Acho relevante compartilhar aqui algumas opiniões sobre esse processo de busca de emprego, essa etapa que acabei de vencer. Devo ressaltar que minhas opiniões são baseadas somente na minha experiência, e não necessariamente servirão para todo mundo.

Quando chegamos aqui como imigrantes, somos de certa forma estimulados a aplicar para vagas entry-level, para conseguir logo um first Canadian job. É importante focar na nossa área de formação/interesse, mas ter a humildade e paciência para recomeçar. Não há nada de errado com esse raciocínio, e nenhum desonra em trilhar esse caminho. Pelo contrário.

Apliquei para algumas posições assim, e nunca recebi resposta. Em uma delas, a job developer do NOW Program que vinha trabalhando comigo conseguiu um feedback sobre a minha aplicação através dos contatos que ela tinha no RH da empresa: overqualified. O RH sugeriu que eu seria um bom candidato para senior positions, apesar de não terem nenhuma vaga assim. Olha que aquela vaga, pelo job posting, nem parecia tão junior assim. Esse causo me fez pensar...

Toda vaga entry-level apresenta menos exigências. Por consequência, um universo muito maior de potenciais candidatos qualificados. Dentre eles, muitos que já tem a tal Canadian experience. Você é só mais um, e a não ser que consiga uma boa indicação, me parece bem difícil haver alguma razão para ser o escolhido. Não faz sentido?

Repetindo o jargão que cansamos de ouvir por aqui, o que os empregadores procuram efetivamente é um bom "fit" para a vaga e para a empresa, alguém que se encaixe como uma luva. Isso é uma verdade.

Sorte, então, de quem encontra uma vaga que pareça ter sido feita pra si. Não é tarefa das mais fáceis, mas é bastante lógico.

Por isso, se eu puder dar um conselho pra quem está pensando em imigrar pro Canadá e imaginando quais dificuldades terá para se incluir no mercado de trabalho, sugiro fortamente que:

1 - fale inglês. Invista nisso antes de vir pra cá. Acredite, mesmo quem tem um nível excelente de inglês no Brasil toma um susto quando chega aqui. Estude antes e depois de chegar aqui.

2 - prepare-se financeiramente para passar um bom tempo sem ter receita aqui; isso vai te dar condições de não se apavorar diante das dificuldades, que vão existir.

3 - faça uso dos recursos que o governo oferece para treinamento em job search. Pratique o que eles ensinam, explore a ajuda dos job developers.

4 - prepare-se sim para ter de dar alguns (ou vários) passos para trás na sua carreira, porque isso pode ser necessário. E não é nenhum demérito.

5 - entretanto, não aceite como verdade absoluta a crença de que você está fadado aos entry-level jobs por falta de Canadian experience. Reconheça as qualidades que fazem de você um profissional único, aquelas competências que realmente te diferenciam. Procure saber que empresas podem ter interesse nessas qualidades. Tenha a coragem e auto-estima para concorrer às vagas que você realmente deseja, que se encaixem ao máximo das suas qualidades.

6 - procure atividades que possam trabalhar suas fraquezas. Aulas de inglês, certificações profissionais, toastmaters, seja lá o que for.

7 - encare networking como um mantra. Conheça gente. Instrutores e colegas de cursos, outros brasileiros, profissionais das empresas em que você gostaria de trabalhar, gente que pratica esportes nos mesmos lugares que você, todo o tipo de gente. É das pessoas que vêm as melhores oportunidades - e não dos websites.

8 - tenha fé. Persevere e não desanime. O universo conspira em favor dos que perseveram.

Bom, é isso aí. Espero que as dicas sejam úteis.

Começo a trabalhar no dia 5 de maio. Até lá, vamos aproveitar as últimas semanas de "férias"...

terça-feira, 6 de abril de 2010

Por falar em multa... riding the GO Transit

Seguindo a sugestão da Dani, aproveito a deixa do post anterior para compartilhar também uma outra história que pode ser útil a marinheiros de primeira viagem. É sobre o GO Transit, que opera linhas de trem e ônibus para diversas cidades no entorno de Toronto, com um padrão de serviço excelente.

Numa oportunidade, resolvi ir até uma cidade para entrevista usando o GO Transit, ao invés de alugar um carro. Foi uma viagem de trem partindo da Union Station até Burlington, e de lá uma conexão para um ônibus até o meu destino. A passagem de ida e volta custou $22,80 e comprei o passe na própria Union Station.

Atento às informações das telas para identificar a plataforma de embarque e não perder o horário, entrei feliz e contente num dos confortáveis vagões do trem, deslumbrado com a aparência e conforto. Tomei um assento, puxei um livro e me dediquei a leitura.

Em alguns minutos, um fiscal da GO Transit se apresentou pedindo pra ver meu ticket. Tirei o passe do bolso e ele me olhou estranho, perguntando por que o meu cartão não estava "cancelled". "Como assim, cancelled?" "Senhor, você está sujeito a uma multa de $100 por não ter cancelled seu ticket antes de entrar no trem".

Acho que a minha cara era de desespero, pois o indivíduo se compadeceu e me perguntou com que frequência eu viajava de GO Train. "É minha primeira vez, eu realmente não sabia..."

Ele me pediu documento de identidade, confirmou por rádio que eu nunca fora advertido ou multado, e ao invés da multa me aplicou uma advertência (agora meu nome está registrado lá!).

A essa altura eu já estava morrendo de alegria por não tomar uma carcada, e insisti com ele que eu realmente não fazia a menor idéia do procedimento.

Pacientemente, então, ele me explicou que na área de embarque há umas máquinas que marcam o bilhete, indicando o horário/linha em que aquele passe foi utilizado.

Cabe ao usuário fazer esse "cancelling" do bilhete antes de entrar no trem. Nem sempre há fiscalização nos vagões (na volta dessa viagem, por exemplo, não houve), mas se você estiver com um passe "non-cancelled", são $100 pra aprender.

Fique esperto.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

It's the law!

Foi só tirar a carteira de motorista que já comecei a colecionar pontos no demerit point system... como o causo é ao mesmo tempo cômico (pra todo mundo que ouve a história) e trágico (pra mim, que ganhei uma bela multa), compartilho aqui a experiência pra todo mundo ficar esperto!

Na segunda-feira passada aluguei um carro para ir até uma cidade distante 80km de Toronto, onde eu tive uma boa entrevista de emprego. Tendo pago uma diária, resolvi ficar com o carro à noite, depois de voltar da curta viagem, e deixar pra devolvê-lo somente na manhã seguinte.

À noite fui jogar bola, e ao voltar pra casa encontrei a rua aqui em frente totalmente lotada de carros estacionados. Ou quase. Enquanto eu procurava uma vaguinha para o bólido, encontrei aquela vaga senatorial, perfeita, esperando por mim. Estacionei rapidinho e fui conferir a placa que informa os horários em que tem de pagar (no parquímetro) para deixar o carro ali, pois eu já havia tomado uma multa ali na mesma rua por não pagar pelo estacionamento. Já eram mais de 11 horas da noite, e dali pra frente só teria de pagar a partir das 9 da manhã, quando já teria devolvido o carro.

Pois bem, fui dormir. Quando acordamos, desci com a Fabiana para levá-la pra aula antes de devolver o carro. Ao chegar na rua, cadê o carro? Aliás, cadê todos os carros que estavam ali na noite anterior??

Pois é, o carro fora guinchado. Tentando entender o que havia acontecido, percebi que além da placa que eu tinha lido cuidadosamente havia outra placa mais à frente, mencionando os horários em que é absolutamente proibido estacionar na rua - entre eles, das 7 às 9 da manhã.

Entendi, então, por que o carro fora guinchado, morrendo de raiva. Conformado que iria tomar uma baita mordida, fui até a locadora pra compartilhar o meu problema. Chegando lá, o atendente me disse que eu teria de localizar o carro por minha conta, porque eles não faziam a menor idéia de onde o carro poderia estar.

Aqui quem guincha o carro não é a polícia, mas empresas privadas designadas para cada área da cidade. Explicada a eficiência. A sugestão do atendente era eu voltar pro local onde o carro estava, e perguntar para os transeuntes se alguém vira quem fez esse crueldade. Pode?

Voltei pra casa e liguei para o 311, um excelente serviço de informações de cidade de Toronto, em que se pode obter informações para quase tudo. Eles me deram um telefone da polícia, que localizou o carro e me deu o telefone do guincho. Liguei pra lá, e eles confirmaram que o carro estava lá, à disposição, bastando eu me apresentar com minha driver's license e, naturalmente, pagar a conta.

A conta do towing foi de $183, entre o guincho e a cada segundo que o carro ficou no pátio deles. "Até que não foi tanto", pensei. Eis que a atendente me diz: "These are for you", mostrando duas folinhas amarelas, as multas que a polícia emite. Isso mesmo, duas multas. A primeira, claro, por estar estacionado na hora errada, $60. A segunda multa me proporcionou um daqueles raros flashbacks, em que voltei pro alegre momento em que encontrei aquela vaga fantástica, e então entendi por que ela estava lá: multa de $100 por estacionar próximo ao hidrante.

Resultado da brincadeira: $343 e uma manhã perdida. É impressionante como passei a observar os hidrantes na rua.

Quando conseguir para de rir, aprenda com a minha experiência. Fique atento aos horários para estacionamento das ruas, e especial atenção com os hidrantes!!